O tempo é curto. O espaço também. São apenas 140 caracteres para que você angarie seguidores. “Acho que 140 toques é muito até para quem sabe se expressar. Como diz o ditado: para bom entendedor, meia palavra basta”, opina o publicitário Pedro Paiva, 24. É assim que funciona a febre Twitter, espécie de rede social que trabalha como um microblog, permitindo aos usuários enviar e ler atualizações pessoais de outros contatos instantaneamente.
“O fato de a linguagem pender para a síntese não é o problema. Pensando em termos literários, existem várias manifestações poéticas que são sínteses, como os poemas mínimos japoneses, chamados haikai, e isto não é negativo”, afirma Silvia Quintanilha Macedo, professora e doutora
O tamanho do texto no Twitter começou a ser pensado em 1992. À época, Jack Dorsey, idealizador do projeto, era programador de softwares para rastreamento de táxis. O norte-americano imaginou que, com a mesma tecnologia utilizada para que os taxistas se comunicassem, seria possível criar uma rede com textos curtos para a comunicação das pessoas. E funcionou. Em 2006 ele convenceu Evan Willians, criador do blogger, a colocar o Twitter de cara para a rede.
A velocidade com que a informação é repassada e a objetividade parecem ser os grandes trunfos — ou problemas, em alguns casos — do site. Dorsey afirmou, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, que “com um limite de tamanho, as pessoas são mais espontâneas e instantâneas”, minimizando assim seus pensamentos. O usuário Paiva concorda com o progenitor do microblog. “Em outros meios virtuais, como o Fotolog e o Flickr, as pessoas se comunicam somente por imagens. Por isso penso que, quem tem um conteúdo objetivo, informa até demais com 140 caracteres”, defende.
Contudo, a instantaneidade parece deixar de lado alguns detalhes. “Essa superficialidade, essa rapidez, podem ser manipuladas”, alerta Silvia Quintanilha. A educadora afirma que, ao trabalhar com frases de efeito, o Twitter pode deturpar informações por não haver, em alguns casos, reflexão suficiente sobre o que está em debate. “Enquanto linguagem é algo novo, que não pode ser descartado. Mas com prejuízo por conta da falta de profundidade”.
Fato mais recente sobre a linguagem e o tamanho dos “twittes” — nome dado pelos usuários a cada postagem feita no site —, ocorreu com Sasha, filha da apresentadora de TV Xuxa. Em agosto passado, ela postou um comentário no Twitter da mãe, gerando certa polêmica. “oi gente sou eu sasha estou aqui filmando o novo filme da Xuxa, e um vai ser otimo filme, tenho q ir vou fazer uma sena com a cobra”, escreveu a garota. O erro de grafia em “sena”, os detalhes com vírgula e com acentuação não passaram despercebidos pelos seguidores da rainha dos baixinhos. A apresentadora argumentou, com outra twittada, que a filha havia sido alfabetizada
Para Silvia Quintanilha, as modificações na língua portuguesa ocorridas na internet não são de todo negativas. “Uma língua que nunca se transforma morre. Essas várias mídias trazem a língua para o centro da vida, como expressão cultural importantíssima. Jamais se deve proteger a língua em uso de outras espécies de comunicação. Por isso o Twitter é, sim, positivo em termos de expressão”.
Outros artistas também têm sofrido problemas de ordem virtual. John Mayer, um dos músicos mais ativos do Twitter, usou a rede social para reclamar dela mesma. “Desde que comecei a me comunicar através de mensagens curtas, comecei a escrever letras do mesmo jeito. Isto está assassinando a minha escrita”, desabafou.
Em suma, os usuários parecem ter consciência de que o acesso excessivo ao site causa certa dependência. “Confesso que logo que chego ao trabalho ou em casa abro o site”, afirma Paiva. No entanto, o jovem se defende: “Não fico alucinado olhando o que rolou durante o tempo que fiquei fora. Faço outras coisas e, quando posso, dou uma olhada nas últimas atualizações, bem superficialmente”.
Não raro os padrões de beleza – ou a falta destes – inquietam milhões de pessoas. Muitos homens e mulheres têm a pretensão de se enquadrarem ao que é esteticamente aceito e, focados nisto, acabam por escravizar seus hábitos mais simples em busca da perfeição. Comer menos, beber menos, dormir menos, viver menos; tudo em prol da pseudo-beleza. Mas não paramos por aí. Modificar determinados hábitos parece não saciar a histeria estética. Dados da Organização Mundial de Saúde apontam crescente aumento nos casos de bulimia e anorexia – sendo que 20% dos incidentes terminam em morte. Provocar o próprio vômito para evitar a nutrição, no caso do bulímico, ou manter-se numa fome contínua, no caso do anoréxico, não são mais problemas quando o objetivo é estar dentro do estereótipo do sublime. Esta busca incessante confunde as prioridade humanas e acaba sobrepondo valores morais e éticos. Óbvio, alguém lucra com isso. A milionária indústria da beleza alucina seus clientes com a premissa de que, ao
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