14 de novembro de 2008

A corpolatria faz suas vítimas


Não raro os padrões de beleza – ou a falta destes – inquietam milhões de pessoas. Muitos homens e mulheres têm a pretensão de se enquadrarem ao que é esteticamente aceito e, focados nisto, acabam por escravizar seus hábitos mais simples em busca da perfeição. Comer menos, beber menos, dormir menos, viver menos; tudo em prol da pseudo-beleza.
Mas não paramos por aí. Modificar determinados hábitos parece não saciar a histeria estética. Dados da Organização Mundial de Saúde apontam crescente aumento nos casos de bulimia e anorexia – sendo que 20% dos incidentes terminam em morte. Provocar o próprio vômito para evitar a nutrição, no caso do bulímico, ou manter-se numa fome contínua, no caso do anoréxico, não são mais problemas quando o objetivo é estar dentro do estereótipo do sublime.

Esta busca incessante confunde as prioridade humanas e acaba sobrepondo valores morais e éticos. Óbvio, alguém lucra com isso. A milionária indústria da beleza alucina seus clientes com a premissa de que, ao consumir determinados produtos e serviços – o melhor médico, a melhor academia, o melhor suplemento alimentar –, seremos felizes na forma física e mental. O sonho da juventude e saúde eterna já pode ser encontrado nos melhores supermercados e lojas do ramo. Há um self-service do belo.
No entanto, o que fica implícito é que a obsessão pela aparência causa frustração, tornando deprimidas e infelizes as pessoas cujo corpo não obedece ao preestabelecido. Jovens são estimulados a competir nesta corrida, deixando subentendido que, cumpridas as metas, o resto virá por acréscimo.
E nem sempre é o que acontece. Ao alcançar o almejado, muitos se vêem insatisfeitos, longe de serem o que lhes foi proposto – ocasionando a criação de novos pontos a serem atingidos. A vida se torna ciclo, um eterno retorno, em que o desejo contido assassina o objeto de desejo e, notadamente, faz renascer novo anseio.
Cuidar do próprio corpo, da saúde, da beleza e se preocupar em ser feliz está longe se ser um erro. Vale lembrar e assumir que todos somos vaidosos e gostamos de nos sentir bem. O que não parece tão comum é que pessoas estabeleçam o sentido de suas vidas embasadas na corpolatria; e o pior, que, focadas cada vez mais no individualismo, fiquem alheias a tudo ao redor – até mesmo às mais impiedosas injustiças e misérias.
A beleza, que num passado não tão longínquo foi atributo natural, acabou por se tornar causa de vida e, principalmente, de morte.

2 comentários:

Anônimo disse...

Primo, vc pode mandar esse texto pra tods as gostosas da faculdade, pra mulher que é divertida, inteligente e super interessante mas é "mó barriguda" e pode também mandar pra todas as branquinhas cheirosas de cabelo bom.
É muito simples detectar, falar sobre e até resolver o proble em um texto mas mudar nossa atitude é que faz a diferença.
Bjs
Você mora no meu coração.

sweet disse...

Uma explicação breve e diferente sobre o tema;

http://www.youtube.com/watch?v=rtMgKX8bJC8