Quando Gildete Nascimento dos Santos faleceu, em meados de 2004, Pedro Rosendo do Nascimento imaginou que seu fim também estava próximo. Casado com Gildete desde a década de 50, Nascimento, de 77 anos, mais conhecido como “Pedro Pastel”, pensava não existir vida sem sua amada. “Eu conversava comigo mesmo, mas não entendia o que estava sentindo, o copo era meu companheiro”, desabafou Pastel. Mas algo havia de acontecer.
Foi o médico da família – que inclusive havia cuidado de Gildete – que diagnosticou o problema: “O senhor sofre de depressão, Pedro, mas eu tenho a cura: o Clube de Malhas na Vila dos Remédios”, aconselhou o doutor.
Para espanto de todos, numa tarde de domingo o septuagenário resolveu não assistir ao programa Sílvio Santos e sim seguir o conselho do médico. Era dia de sorrir. De sapato bicolor, perfume floral e terno branco, Pedro Pastel passou a mão nas chaves da Brasília 78 e caiu na balada.
Chegando ao Clube de Malhas, em Osasco, ele se encantou. O som alto, a pista imponente, a possibilidade de chacoalhar o esqueleto e fazer novos amigos – sublinhe-se “amigas” – deixaram-no atônito. A empolgação foi tanta que Nascimento virou freqüentador assíduo, espécie de ativo fixo do salão: “Aos sábados e domingos podia contar que eu estava lá”. Até que, entre uma assembléia dos cabelos brancos e outra, Floriza Ferreira dos Santos, de 73 anos, cruzou a pista do clube, bailando como um cisne e conquistando o coração do baladeiro. Cerca de três encontros foram suficientes para que o amor falasse mais alto e Pastel lesse num bilhete enviado por sua pretensa amada: “Você me faz feliz”. Pronto, a reviravolta foi geral na vida de ambos.
Mas não são apenas as relações amorosas que permeiam os clubes dançantes da Grande São Paulo. Nelson Buso, de 66 anos, conta que amizade e animação são garantidas nesses bailes. Ele, que se julga “tímido” e muito distante de ser um “dançarino”, diz ter freqüentado inúmeras festas apenas pelos laços de amizades: “Piratininga, Cartola, Saudade, União Fraterna, conheço todos os salões”, afirma.
Apesar de argumentar que há mais de 4 anos não vai aos bailes, Buso, que é casado, tem memória prodigiosa, falando de cor e salteado o preço da entrada de cada uma das baladas. E ainda explica: “Nas regiões centrais costuma ser mais caro, ou melhor, costumava ser na minha época. Mas imagino que ainda hoje existam lugares em que só as mulheres pagam, por falta de um público masculino”.
A psicopedagoga Regina Célia Vieira, de 53 anos, não concorda com a tese de Buso. Entre uma dança e outra, ela afirma que, na sua idade, divorciada e com os três filhos criados, os bailes são para namorar mesmo, “beijar na boca”, explica. Descontraída, Regina ainda ironiza: “Eu achava que nunca mais iria ter um homem, mas estava completamente enganada. A menopausa não me atrapalhou em nada, e foi nos bailes que descobri que estou livre e cheia de vida”.
De qualquer forma, relações proveitosas são extraídas das baladas da melhor idade. Pedro Pastel e Floriza são exemplos vivos. O casal emplacou um noivado e promete casamento com toda pompa e circunstância até o final do ano. Para eles, ainda vale a máxima de que "a vida é curta demais para ser desperdiçada".
Foi o médico da família – que inclusive havia cuidado de Gildete – que diagnosticou o problema: “O senhor sofre de depressão, Pedro, mas eu tenho a cura: o Clube de Malhas na Vila dos Remédios”, aconselhou o doutor.
Para espanto de todos, numa tarde de domingo o septuagenário resolveu não assistir ao programa Sílvio Santos e sim seguir o conselho do médico. Era dia de sorrir. De sapato bicolor, perfume floral e terno branco, Pedro Pastel passou a mão nas chaves da Brasília 78 e caiu na balada.
Chegando ao Clube de Malhas, em Osasco, ele se encantou. O som alto, a pista imponente, a possibilidade de chacoalhar o esqueleto e fazer novos amigos – sublinhe-se “amigas” – deixaram-no atônito. A empolgação foi tanta que Nascimento virou freqüentador assíduo, espécie de ativo fixo do salão: “Aos sábados e domingos podia contar que eu estava lá”. Até que, entre uma assembléia dos cabelos brancos e outra, Floriza Ferreira dos Santos, de 73 anos, cruzou a pista do clube, bailando como um cisne e conquistando o coração do baladeiro. Cerca de três encontros foram suficientes para que o amor falasse mais alto e Pastel lesse num bilhete enviado por sua pretensa amada: “Você me faz feliz”. Pronto, a reviravolta foi geral na vida de ambos.
Mas não são apenas as relações amorosas que permeiam os clubes dançantes da Grande São Paulo. Nelson Buso, de 66 anos, conta que amizade e animação são garantidas nesses bailes. Ele, que se julga “tímido” e muito distante de ser um “dançarino”, diz ter freqüentado inúmeras festas apenas pelos laços de amizades: “Piratininga, Cartola, Saudade, União Fraterna, conheço todos os salões”, afirma.
Apesar de argumentar que há mais de 4 anos não vai aos bailes, Buso, que é casado, tem memória prodigiosa, falando de cor e salteado o preço da entrada de cada uma das baladas. E ainda explica: “Nas regiões centrais costuma ser mais caro, ou melhor, costumava ser na minha época. Mas imagino que ainda hoje existam lugares em que só as mulheres pagam, por falta de um público masculino”.
A psicopedagoga Regina Célia Vieira, de 53 anos, não concorda com a tese de Buso. Entre uma dança e outra, ela afirma que, na sua idade, divorciada e com os três filhos criados, os bailes são para namorar mesmo, “beijar na boca”, explica. Descontraída, Regina ainda ironiza: “Eu achava que nunca mais iria ter um homem, mas estava completamente enganada. A menopausa não me atrapalhou em nada, e foi nos bailes que descobri que estou livre e cheia de vida”.
De qualquer forma, relações proveitosas são extraídas das baladas da melhor idade. Pedro Pastel e Floriza são exemplos vivos. O casal emplacou um noivado e promete casamento com toda pompa e circunstância até o final do ano. Para eles, ainda vale a máxima de que "a vida é curta demais para ser desperdiçada".
Comentários
A experiência de vida devia ser um dos principais centros das nossas atenções, grandes exemplos :-)