Não bastasse a segregação social que a dita classe “A” impõe por intermédio de seus condomínios de alto padrão, seus veículos blindados e suas equipes de segurança, agora entra em funcionamento uma nova ferramenta para não misturar o nobre sangue azul. Ferramenta não, melhor dizendo, um novo local. O nome: Shopping Cidade Jardim.
Inaugurado há cerca de dois meses, o centro comercial situa-se no bairro homônimo da cidade de São Paulo. A proposta inicial era de um lugar despojado, com exclusividade e sofisticação, que reunisse lojas inéditas em shoppings e até mesmo no Brasil; contando com academias, grifes famosas – não menos que Daslu, Rolex, Louis Vuitton –, livrarias e até um spa – que segundo o portal do shopping será “o maior da América Latina”.
Inevitavelmente você se perguntará: “e qual é a novidade disto?”. Ok, já assistimos inúmeras vezes ao desfile dos endinheirados em seus playgrounds protegidos pela placa: “proibida a entrada de subalternos”.
O que soa realmente como novidade no Cidade Jardim é o seu acesso. Explico. Teoricamente, apenas carros deveriam entrar no estabelecimento, contribuindo para que visitas indesejadas – como as classes D e E, compostas por pessoas com renda familiar média de R$ 580 – não atrapalhassem o bom desempenho dos burgueses em seu deleite consumista.
Ao contrário do que se imaginava, a falta de acesso para pedestres acabou por instigar os curiosos. Um ponto de ônibus instalado em frente ao shopping, para atender a funcionários, também auxiliou o acesso das classes D e E no complexo. Numa cidade tão grande e heterogênea quanto São Paulo, é comum que pessoas com baixa renda queiram conhecer um estilo de vida que não faz parte de seu próprio cotidiano.
E foi justamente pela vontade do povo em presenciar o conto de fadas vivido nas novelas que a muralha da burguesia não bastou e atraiu o que não era especificamente seu público-alvo. À revelia de seu interesse, o shopping teve que abrir as portas a outros clientes – ou melhor, visitantes. A própria diretora do Cidade Jardim, Sharon Beting, assumiu em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, no último dia 03, que “todo tipo de gente” é vista por lá.
O acastelamento, que era a máxima do projeto, reafirmando a postura excludente que a classe A buscava com o seu novo point, falhou, caindo por terra como um tiro no pé. O antro da ostentação e perpetuação do estilo de vida burguês tornou-se uma vitrine de desigualdades sociais.
À população de baixa renda que pisou no Cidade Jardim só restou um pensamento: eles (burgueses), os verdadeiros donos de São Paulo e do Brasil, estão se armando cada vez mais para que nós (assalariados), reles mortais, fiquemos bem longe de seus palacetes residenciais e comerciais.
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Inaugurado há cerca de dois meses, o centro comercial situa-se no bairro homônimo da cidade de São Paulo. A proposta inicial era de um lugar despojado, com exclusividade e sofisticação, que reunisse lojas inéditas em shoppings e até mesmo no Brasil; contando com academias, grifes famosas – não menos que Daslu, Rolex, Louis Vuitton –, livrarias e até um spa – que segundo o portal do shopping será “o maior da América Latina”.
Inevitavelmente você se perguntará: “e qual é a novidade disto?”. Ok, já assistimos inúmeras vezes ao desfile dos endinheirados em seus playgrounds protegidos pela placa: “proibida a entrada de subalternos”.
O que soa realmente como novidade no Cidade Jardim é o seu acesso. Explico. Teoricamente, apenas carros deveriam entrar no estabelecimento, contribuindo para que visitas indesejadas – como as classes D e E, compostas por pessoas com renda familiar média de R$ 580 – não atrapalhassem o bom desempenho dos burgueses em seu deleite consumista.
Ao contrário do que se imaginava, a falta de acesso para pedestres acabou por instigar os curiosos. Um ponto de ônibus instalado em frente ao shopping, para atender a funcionários, também auxiliou o acesso das classes D e E no complexo. Numa cidade tão grande e heterogênea quanto São Paulo, é comum que pessoas com baixa renda queiram conhecer um estilo de vida que não faz parte de seu próprio cotidiano.
E foi justamente pela vontade do povo em presenciar o conto de fadas vivido nas novelas que a muralha da burguesia não bastou e atraiu o que não era especificamente seu público-alvo. À revelia de seu interesse, o shopping teve que abrir as portas a outros clientes – ou melhor, visitantes. A própria diretora do Cidade Jardim, Sharon Beting, assumiu em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, no último dia 03, que “todo tipo de gente” é vista por lá.
O acastelamento, que era a máxima do projeto, reafirmando a postura excludente que a classe A buscava com o seu novo point, falhou, caindo por terra como um tiro no pé. O antro da ostentação e perpetuação do estilo de vida burguês tornou-se uma vitrine de desigualdades sociais.
À população de baixa renda que pisou no Cidade Jardim só restou um pensamento: eles (burgueses), os verdadeiros donos de São Paulo e do Brasil, estão se armando cada vez mais para que nós (assalariados), reles mortais, fiquemos bem longe de seus palacetes residenciais e comerciais.
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Comentários
não só por curiosidade, mas por acaso# pisei ontem d noite no 'Cidad Jardim'. Veja meu caro / os noveleiros de plantão que sosseguem o facho: não estão perdendo nada!
Aquele abraço¨