A Revista Quem – pioneira no ramo das ‘celebridades’ –, publicou em março deste ano uma entrevista com o jornalista e apresentador da Rede Globo, Pedro Bial. “Tenho zero de preocupação em dar um aspecto cultural ao programa. Acho que tudo é cultura. Big Brother é tão cultura quanto Guimarães Rosa”, opinou Bial.
Que a Rede Globo utiliza sua influência cultural – tida por muitos como algo venerável – para vender o espetáculo da vida alheia, não é novidade. O que realmente precisa ser colocado em questão é até que ponto a emissora e seus ‘mensageiros’, contribuem para manter o povo distante da cultura e da reflexão?
Ao exibir um reality show que trabalha com pessoas ditas comuns, o império Global angaria cada vez mais adeptos ao seu padrão de cultura, colocando a televisão e o espetáculo à frente de qualquer fato e, inevitavelmente, sucumbindo a informação e o papel social de um meio de comunicação. Tudo é aceito pelos anônimos extraídos da massa de telespectadores que, em busca de notoriedade televisiva, ficam cinco ou seis meses juntos a desconhecidos, fechados em si mesmo e inteiramente expostos nas salas de estar do país.
A questão é que o BBB oferece o ópio aos brasileiros, como afirma a psicanalista e ensaísta Maria Rita Kehl, no livro Videologias (2004). “A audiência se sustenta sobre o desejo do público de presenciar escândalos, brigas e cenas de sexo reais. No entanto os escândalos são escassos, se comparados aos longos períodos em que nada digno de nota acontece” (KEHL, 2004, p. 144). O enorme tempo ocioso é gasto com fofocas, picuinhas e cuidados corporais, detalhes que dão ao fiel espectador a esperança da exibição de um cotidiano tão banal quanto o seu próprio, colocando assim resquícios de brilho e sentido em sua vida domesticada – ao se comparar aos ídolos da TV. As gincanas de horror, onde os vencedores são aqueles que suportam maior nojo e degradação, soam positivamente para o público e para os participantes, já que tudo é em prol de uma pseudo fama.
O jornalista afirma na entrevista que o BBB tem uma “cara brasileira”, e que ser apresentador do programa foi sua chance de se “despir do título de jornalista, que as pessoas mitificam tanto”. Para Bial, "depois de certa idade, você aprende a se atribuir sua verdadeira desimportância".
Não há uma regra moral obrigando que as pessoas sejam um sagrado posto de retidão, porém, ao ser o porta voz da maior emissora do país, talvez fosse necessário observar que sua “desimportância” é transposta aos lares brasileiros.
Fora este quadro básico de nossa ‘cultura televisiva’, dizer que Guimarães Rosa – que ainda nos dias de hoje traz algo inovador à língua portuguesa e à narração da vida no sertão brasileiro – produziu cultura comparável ao nosso ilustre reality show é, minimamente, intragável.
Que a Rede Globo utiliza sua influência cultural – tida por muitos como algo venerável – para vender o espetáculo da vida alheia, não é novidade. O que realmente precisa ser colocado em questão é até que ponto a emissora e seus ‘mensageiros’, contribuem para manter o povo distante da cultura e da reflexão?
Ao exibir um reality show que trabalha com pessoas ditas comuns, o império Global angaria cada vez mais adeptos ao seu padrão de cultura, colocando a televisão e o espetáculo à frente de qualquer fato e, inevitavelmente, sucumbindo a informação e o papel social de um meio de comunicação. Tudo é aceito pelos anônimos extraídos da massa de telespectadores que, em busca de notoriedade televisiva, ficam cinco ou seis meses juntos a desconhecidos, fechados em si mesmo e inteiramente expostos nas salas de estar do país.
A questão é que o BBB oferece o ópio aos brasileiros, como afirma a psicanalista e ensaísta Maria Rita Kehl, no livro Videologias (2004). “A audiência se sustenta sobre o desejo do público de presenciar escândalos, brigas e cenas de sexo reais. No entanto os escândalos são escassos, se comparados aos longos períodos em que nada digno de nota acontece” (KEHL, 2004, p. 144). O enorme tempo ocioso é gasto com fofocas, picuinhas e cuidados corporais, detalhes que dão ao fiel espectador a esperança da exibição de um cotidiano tão banal quanto o seu próprio, colocando assim resquícios de brilho e sentido em sua vida domesticada – ao se comparar aos ídolos da TV. As gincanas de horror, onde os vencedores são aqueles que suportam maior nojo e degradação, soam positivamente para o público e para os participantes, já que tudo é em prol de uma pseudo fama.
O jornalista afirma na entrevista que o BBB tem uma “cara brasileira”, e que ser apresentador do programa foi sua chance de se “despir do título de jornalista, que as pessoas mitificam tanto”. Para Bial, "depois de certa idade, você aprende a se atribuir sua verdadeira desimportância".
Não há uma regra moral obrigando que as pessoas sejam um sagrado posto de retidão, porém, ao ser o porta voz da maior emissora do país, talvez fosse necessário observar que sua “desimportância” é transposta aos lares brasileiros.
Fora este quadro básico de nossa ‘cultura televisiva’, dizer que Guimarães Rosa – que ainda nos dias de hoje traz algo inovador à língua portuguesa e à narração da vida no sertão brasileiro – produziu cultura comparável ao nosso ilustre reality show é, minimamente, intragável.
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Comentários
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Almoço de domingo na Dona Magali - Não tem preço.
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Boa noite, jaynis!
; )
P.s.: Quer dizer então que você não vai torcer por mim no BBB 9? Ahhhh, nãããoooo...
E aqui me recordo tb da exploração da desgraça alheia, transformada no pior do "Show de Truman" pela mídia brasileira.
Enfim, agradando ou não, a culpa é do brasileiro... que dá audiência ao lado ridículo do show da vida - alheia.