nativo adj. subs. masc.
do Lat. nativu
do Lat. nativu
que nasce com o indivíduo;
que é originário da zona onde vive (animal ou planta);
natural;
congênito;
peculiar;
nato;
nacional;
diz-se da água que nasce numa propriedade;
Pois bem, guardemos esta expressão – nativos. Porém, aqui vamos estendê-la com novas formas: pré-semi-nativo, semi-nativo e novamente, o já consagrado, nativo.
Em 1995, eu tinha um probleminha que, com o decorrer dos anos, tornou-se patológico – era e ainda sou viciado em Bad Religion. Na época – auge de meus 12 anos –, o BR havia acabado de lançar o disco Stranger Than Fiction. As então ‘rádios rock’ paulistanas – que praticamente não existem mais – destilavam ‘Infected’ e a grudenta ‘American Jesus’ (do disco anterior – Recipe For Hate), popularizando-os em nosso país.
Esses anos foram marcados por mudanças na banda, onde, o guitarrista Gurewitz seria substituido por um veterano do hardcore, Brian Baker – que provou durante a tour do álbum STF o casamento perfeito entre ele e o BR.
Claro, a internet não era tão popularizada quanto hoje em 1995 e, somente após alguns ‘perrengues’, descobri quem era Brian Baker. Nessa não tão longínqua era, conhecíamos bandas comprando CD´s, LP´s, e não mais que isso. Quando muito, um amigo podia gravar uma fita K7 recheada de chiados – mas que de um modo ou de outro, era a salvação, fazia-nos conhecer novas sonoridades.
No meu caso, foram módicos R$ 26,00 que trouxeram a nova/velha música. Na busca por algo novo – em uma visita à Galeria do Rock – um CD de capa avermelhada trazia o nome de Baker nas guitarras. Foi então que – com um tiro no escuro, apostando unicamente nas mãos do tal veterano – eu conheci o Minor Threat e o épico Complete Discography. Banda de Washington DC, formada no início dos anos 80, e expoente do punk livre de drogas (straight-edge) norte americano, o Minor Fucking Threat, foi um dos melhores riscos que corri em minha tímida vida de adolescente – adquirindo algo novo, intocado e principalmente, avassalador.
Foi então que me tornei um pré-semi-nativo. E o motivo? Simples. O fato de comprar um CD justificava isso, era o motivo – eu precisava apostar, contar com um integrante da banda, pensar se ia ou não comprar aquele disco, buscar novidades voltadas à expansão de meus ouvidos. Havia todo um charme sentimentalóide nisso.
E hoje? Hoje boa parte dos jovens de 14 anos tem um computador e, sem sombra de dúvidas, manuseiam o PC e a internet muito melhor do que eu. Podem escolher as bandas, conhecer a história, buscar sua formação original, descobrir as peculiaridades dos integrantes e pronto, nasce mais um semi-nativo. Digo isso porque, não no momento de seu nascimento, mas no momento de sua juventude, a internet estava lá, pronta para servi-lo, pronta para mostrar essa ou aquela banda com mais facilidade. O ritual de se comprar um disco foi sucumbido pela tecnologia.
Penso que há partes positivas e negativas nisso. Positivamente, os jovens têm mais informação, mais conteúdo, novas idéias – e isso é ótimo. É comum um garoto de 15 anos que tenha escutado a discografia do Black Flag em um mês – coisa que, demorei pelo menos uns 2 anos para fazer. Em contraponto, a parte drástica da história, é que justamente esse excesso de informação, faz com que descartemos música boa com mais facilidade. Você consegue baixar 400 discos em menos de um mês e, sem angústia alguma, eliminar boa parte deles. Isto produz dois efeitos. Primeiramente, bandas cada vez mais padronizadas, dentro do circuito da indústria cultural, tocando sempre as mesmas coisas para evitar um ‘delete’ dos internautas. E, em segundo lugar, jovens precoces, que escutam milhões de coisas boas sem poder ‘sentir’ realmente a música, já que eles não têm amadurecimento suficiente para compreender certas composições.
Em 1995, eu tinha um probleminha que, com o decorrer dos anos, tornou-se patológico – era e ainda sou viciado em Bad Religion. Na época – auge de meus 12 anos –, o BR havia acabado de lançar o disco Stranger Than Fiction. As então ‘rádios rock’ paulistanas – que praticamente não existem mais – destilavam ‘Infected’ e a grudenta ‘American Jesus’ (do disco anterior – Recipe For Hate), popularizando-os em nosso país.
Esses anos foram marcados por mudanças na banda, onde, o guitarrista Gurewitz seria substituido por um veterano do hardcore, Brian Baker – que provou durante a tour do álbum STF o casamento perfeito entre ele e o BR.
Claro, a internet não era tão popularizada quanto hoje em 1995 e, somente após alguns ‘perrengues’, descobri quem era Brian Baker. Nessa não tão longínqua era, conhecíamos bandas comprando CD´s, LP´s, e não mais que isso. Quando muito, um amigo podia gravar uma fita K7 recheada de chiados – mas que de um modo ou de outro, era a salvação, fazia-nos conhecer novas sonoridades.
No meu caso, foram módicos R$ 26,00 que trouxeram a nova/velha música. Na busca por algo novo – em uma visita à Galeria do Rock – um CD de capa avermelhada trazia o nome de Baker nas guitarras. Foi então que – com um tiro no escuro, apostando unicamente nas mãos do tal veterano – eu conheci o Minor Threat e o épico Complete Discography. Banda de Washington DC, formada no início dos anos 80, e expoente do punk livre de drogas (straight-edge) norte americano, o Minor Fucking Threat, foi um dos melhores riscos que corri em minha tímida vida de adolescente – adquirindo algo novo, intocado e principalmente, avassalador.
Foi então que me tornei um pré-semi-nativo. E o motivo? Simples. O fato de comprar um CD justificava isso, era o motivo – eu precisava apostar, contar com um integrante da banda, pensar se ia ou não comprar aquele disco, buscar novidades voltadas à expansão de meus ouvidos. Havia todo um charme sentimentalóide nisso.
E hoje? Hoje boa parte dos jovens de 14 anos tem um computador e, sem sombra de dúvidas, manuseiam o PC e a internet muito melhor do que eu. Podem escolher as bandas, conhecer a história, buscar sua formação original, descobrir as peculiaridades dos integrantes e pronto, nasce mais um semi-nativo. Digo isso porque, não no momento de seu nascimento, mas no momento de sua juventude, a internet estava lá, pronta para servi-lo, pronta para mostrar essa ou aquela banda com mais facilidade. O ritual de se comprar um disco foi sucumbido pela tecnologia.
Penso que há partes positivas e negativas nisso. Positivamente, os jovens têm mais informação, mais conteúdo, novas idéias – e isso é ótimo. É comum um garoto de 15 anos que tenha escutado a discografia do Black Flag em um mês – coisa que, demorei pelo menos uns 2 anos para fazer. Em contraponto, a parte drástica da história, é que justamente esse excesso de informação, faz com que descartemos música boa com mais facilidade. Você consegue baixar 400 discos em menos de um mês e, sem angústia alguma, eliminar boa parte deles. Isto produz dois efeitos. Primeiramente, bandas cada vez mais padronizadas, dentro do circuito da indústria cultural, tocando sempre as mesmas coisas para evitar um ‘delete’ dos internautas. E, em segundo lugar, jovens precoces, que escutam milhões de coisas boas sem poder ‘sentir’ realmente a música, já que eles não têm amadurecimento suficiente para compreender certas composições.
Enfim, fico imaginando o que farão os nativos, esses que – daqui dez anos, tendo nascido um internauta –, verão florescer sua juventude como se a internet fosse uma simples lâmpada dentro de casa. Vejo seres robóticos, frios, que adorarão ver e não ouvir o Complete Discography ou o Recipe For Hate, dentro de um museu. Será que teremos um museu do hardcore? Seria ótimo. De qualquer forma, eu ainda prefiro Ian Mackaye berrando “…out of step with the world…” dentro de casa. Que assim seja, Āmīn.
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