Não. Este texto não tem nada a ver com o livro ‘Até o dia que o cão morreu’ de Daniel Galera. Nem com a adaptação cinematográfica do mesmo, feita por Beto Brant e Renato Ciasca, intitulada ‘Cão sem dono’. Apesar de ter usurpado o título, estamos falando de outros cães, um sem e outro com dono, como o simpático Churras do livro/filme. Fora isso, a coisa aqui soa meio como ‘meu querido diário’.
Quarta-feira passada eu caminhava pela Marginal do Rio Tietê. Aliás, caminhava não, dirigia. Após um dia chuvoso e, todas as pessoas da cidade encantadas pelo fetiche do natal, eu não esperava boa coisa. Imaginava o pior – trânsito, tumulto, compras. Mas até que a ilusória sorte estava ao meu lado, os carros andavam. E justamente por andar, a Marginal fez-me deparar com a segunda cena mais trágica deste ano (obviamente a meu ver).
O clima de ‘terra da garoa’ era passado. A quarta-feira estava no seu momento de febre. Com os vidros entreabertos, Herbie Hancock me acompanhava em uma baixa intensidade quando, o carro à minha frente fez um strike. Um ruído não-humano suspendeu meu deleite no piano de Hancock, envolvendo-me em dois segundos não muito agradáveis.
Um pobre cão – da cultuada raça ‘vira-latas’ – rolara por baixo do carro, ecoando um suspiro de dor e desespero. Com minha atenção despeça pelo grunhido, eu vi à minha esquerda os olhos de tristeza do animal, que me fitaram também. Uma mistura de dores no estomago somadas a um mal-estar acometeram-me. Foi terrível, ensurdecedor. O grito de tortura repercutiu mais uns dois quilômetros na minha cabeça, e o pior, não havia meios de ajudar em nada. Aparentemente uma perna quebrada, lamentável.
O curioso é que no mesmo dia uma amiga (propensa veterinária) havia me perguntado se eu queria um cão. Disse que encontrou o quadrúpede na rua e cuidou do mesmo, porém, não poderia abrigá-lo por muito tempo. Argumentei explicando que infelizmente não disponho de espaço e tempo, o que é fato. Enfim, independente da oportunidade, a tragédia com o animal foi mais marcante nessa quarta.
Pois bem, essa foi a segunda pior cena do ano. Vamos à primeira. Meados de maio, precisamente em uma quinta-feira, vi os mesmos olhos de tristeza da última quarta. Talvez esse o motivo do mal-estar, senti um déjà vu. A parte drástica da história é que o fato ocorrera em meu quintal.
Pronto para sair, encontro no portão minha cachorra espumando. Sim, o popular espumando tem o significado de ‘envenenamento’. No desespero, coloquei três dedos garganta abaixo da Dachshund (raça conhecida na verdade como cachorrinho ‘Cofap’), mas foi em vão; assim como a corrida ao veterinário, que não conseguiu salvar minha parceira. Mesmo entre o desespero e a dor que ela sentia (imagino eu), ainda foi possível no momento em que me viu, uma marcante abanada no rabo dizendo algo do tipo ‘ajude-me’ ou ‘gosto muito de você’. Até o presente não encontrei motivos nem culpados para o incidente, e penso que foi até melhor.
A única coisa possível de se ver nisso tudo, é que em muitas vezes os animais são mais que humanos. Tenho uma teoria de que eles não medem sentimentos. Se precisarem pular, abanar o rabo, rolar no chão, o farão para agradar seus donos - ou até um desconhecido. Não há preceitos sociais que digam: mostrar afeto é coisa de animais fracos. Sua legislação de vida é pautada nos instintos, eles podem sentir o que realmente são, que é a vida, o coração. E há quem diga que nós somos racionais. Acho que invertemos os papéis e nem percebemos, neste caso, quero ser domesticado.
Quarta-feira passada eu caminhava pela Marginal do Rio Tietê. Aliás, caminhava não, dirigia. Após um dia chuvoso e, todas as pessoas da cidade encantadas pelo fetiche do natal, eu não esperava boa coisa. Imaginava o pior – trânsito, tumulto, compras. Mas até que a ilusória sorte estava ao meu lado, os carros andavam. E justamente por andar, a Marginal fez-me deparar com a segunda cena mais trágica deste ano (obviamente a meu ver).
O clima de ‘terra da garoa’ era passado. A quarta-feira estava no seu momento de febre. Com os vidros entreabertos, Herbie Hancock me acompanhava em uma baixa intensidade quando, o carro à minha frente fez um strike. Um ruído não-humano suspendeu meu deleite no piano de Hancock, envolvendo-me em dois segundos não muito agradáveis.
Um pobre cão – da cultuada raça ‘vira-latas’ – rolara por baixo do carro, ecoando um suspiro de dor e desespero. Com minha atenção despeça pelo grunhido, eu vi à minha esquerda os olhos de tristeza do animal, que me fitaram também. Uma mistura de dores no estomago somadas a um mal-estar acometeram-me. Foi terrível, ensurdecedor. O grito de tortura repercutiu mais uns dois quilômetros na minha cabeça, e o pior, não havia meios de ajudar em nada. Aparentemente uma perna quebrada, lamentável.
O curioso é que no mesmo dia uma amiga (propensa veterinária) havia me perguntado se eu queria um cão. Disse que encontrou o quadrúpede na rua e cuidou do mesmo, porém, não poderia abrigá-lo por muito tempo. Argumentei explicando que infelizmente não disponho de espaço e tempo, o que é fato. Enfim, independente da oportunidade, a tragédia com o animal foi mais marcante nessa quarta.
Pois bem, essa foi a segunda pior cena do ano. Vamos à primeira. Meados de maio, precisamente em uma quinta-feira, vi os mesmos olhos de tristeza da última quarta. Talvez esse o motivo do mal-estar, senti um déjà vu. A parte drástica da história é que o fato ocorrera em meu quintal.
Pronto para sair, encontro no portão minha cachorra espumando. Sim, o popular espumando tem o significado de ‘envenenamento’. No desespero, coloquei três dedos garganta abaixo da Dachshund (raça conhecida na verdade como cachorrinho ‘Cofap’), mas foi em vão; assim como a corrida ao veterinário, que não conseguiu salvar minha parceira. Mesmo entre o desespero e a dor que ela sentia (imagino eu), ainda foi possível no momento em que me viu, uma marcante abanada no rabo dizendo algo do tipo ‘ajude-me’ ou ‘gosto muito de você’. Até o presente não encontrei motivos nem culpados para o incidente, e penso que foi até melhor.
A única coisa possível de se ver nisso tudo, é que em muitas vezes os animais são mais que humanos. Tenho uma teoria de que eles não medem sentimentos. Se precisarem pular, abanar o rabo, rolar no chão, o farão para agradar seus donos - ou até um desconhecido. Não há preceitos sociais que digam: mostrar afeto é coisa de animais fracos. Sua legislação de vida é pautada nos instintos, eles podem sentir o que realmente são, que é a vida, o coração. E há quem diga que nós somos racionais. Acho que invertemos os papéis e nem percebemos, neste caso, quero ser domesticado.
Comentários
Besos
Realmente...hj em dia é mil vezes melhor termos um cachorro do q conviver com a disconfiança do ser humano.
bjuss