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Mostrando postagens de fevereiro, 2008

Sobre a falta

Clarice Lispector afirmou: “Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém, que o que mais queremos é tirar esta pessoa de nossos sonhos e abraçá-la…” Estranho? Possível. Mais possível ainda, e pior, é sofrer a dor da falta antes mesmo de vivenciá-la. Ouso afirmar, que só a sinto antes que aconteça. O quão somos dependentes uns dos outros. Justamente por ser o outro – o não-eu, o que na sua própria negação traz a minha afirmação, o que não possui e nunca irá possuir a potenciabilidade de tornar-se eu –, é que nos apaixonamos pelo desejo de sentir sua falta, mesmo ainda estando ao seu lado. Não nos momentos em que sonhamos com esse alguém, mas nos momentos em que o temos, esse sim é o momento da maior dor. Olhar ao lado e entender que aquilo está se findando, é alimentar o suplício. Melhor que não entender? Não sei... O pior é entender que há uma classificação implícita, que avalia a força deste sentimento. Pessoas por medida. É, pessoas que podemos ficar dias, meses, sécul...

Requiem – For A Dream

Há algo que possa mensurar o quão maléficos são os vícios? Um copo de whisky ou uma carreira de cocaína? Uma xícara de café para mantê-lo acordado ou um calmante para fazê-lo dormir? Talvez Requiem – For A Dream (em português, Requiem – por um sonho) não responda a essas questões, mas vai minimamente, fazer-nos refletir sobre elas. O longa-metragem do norte-americano Darren Aronofsky estrelou Ellen Burstyn (Divinos segredos), Jared Leto (Alexandre, O Grande), Jennifer Connelly (Água Negra) e Marlon Wayans (Todo Mundo Em Pânico I e II), sendo Burstyn indicada ao Óscar 2001 de Melhor Atriz por sua atuação na obra. Harry (Leto) é um jovem que junto ao amigo Tyrone (Wayans), quer se tornar traficante de drogas – ambos sendo usuários. Marion (Connelly), a namorada de Harry, tem um grande talento e pretende ser figurinista. A simplória Sara Goldfarb (Burstyn) – mãe de Harry –, desdobra-se para alimentar o vício do filho, tendo como sonho obter notoriedade televisiva. Neste enredo - hor...

Nem tudo acaba em pizza

Tipo de cara que eu invejo é aquele que mal chega a uma roda de desconhecidos e rapidamente já se sente à vontade. Se expressa naturalmente, olha para todos com espontaneidade e logo encontra um assunto pertinente para o ambiente. Pois bem, que fique claro, não tenho nem pretendo ter essa propensão a vereador do bairro, mas vira e mexe acabo cruzando com um desses sem me importar. Eu achava que naquela noite de sábado tudo corria bem. Paulistano que se preze, não faz outra coisa no sábado à noite que não seja se apoderar do telefone e pedir uma pizza. E mais paulistano que isso, só pode convidar aquele clássico casal de amigos para animar o jantar. Receberíamos dois casais em casa, tomaríamos algo, instauraríamos uma filosofia de boteco no próprio lar e pronto, dormiríamos felizes para sempre. Mas não foi bem assim que a coisa resolveu funcionar. Os casais que nos visitariam não eram amigos em comum, logo, as diferenças existiriam. Claro, pessoas civilizadas, qual o problema nisso? Mas...