Já experimentou andar no céu? Lá há algumas nuvens que, quando vistas de perto, tem um gosto seco, como se nelas não houvesse água. Essas nuvens são o mundo a parte, no qual é preciso ter outro tipo de pés para andar. No fundo o céu já é outro mundo. Nele, a ilogicidade do que é terreno já não faz mais sentido. É tudo algodão. E aí ora ou outra as nuvens sofrem também porque são esburacadas, como as ruas. Você pode caminhar e de repente ver um mundo que está caindo. Quando este mundo cai, as pessoas se vão também. E aí o céu não se aguenta em águas d´chuva - e acaba se vendo obrigado a pingar sangue. Um sangue quente, que em meio ao ar gélido sofre uma convulsão da alma. A cor dele ninguém vê. É de um vermelho rubro, meio adocicado, que quando desce fica amargo. A tonalidade é dessas conhecidas, igual à da capa da joaninha. A capa natural mesmo. A joaninha faz de sua capa asas - e enfeite também. É meio parecido com o que o céu faz das nuvens. Da branquidão inexplicável, o céu as trans...